Se todo mundo já sabe que o açúcar não faz bem para os adultos, porque será que ainda pensamos que ele é importante para as crianças?
O açúcar é, definitivamente, um dos grandes vilões da alimentação atual e quanto mais conseguirmos distanciar a oferta de açúcar para as crianças, melhor será para a saúde atual e o futuro delas.
Antes de relacionar algumas das principais razões para não ofertarmos açúcar para as crianças, é importante que você saiba que o açúcar pode estar disfarçado como ingrediente nas preparações e em alimentos industrializados. Se você achar qualquer um dos nomes abaixo no rótulo do alimento que está avaliando, sugiro que procure por outra opção e mais que isso, espero que ela seja o mais natural possível. Então, atenção aos “codinomes” do açúcar.
- Frutose
- Glicose
- Sacarose
- Dextrose
- Maltodextrina
- Maltodextrose
- Agave
- Xarope de Milho
Quem nunca ouviu as frases “Meu filho comeu e não morreu” ou ainda “só um pouquinho não faz mal”… apesar de serem frases bem comuns e “tradicionais” e que as mães mais saudáveis estão super acostumadas, é preciso entender os porquês a oferta de açúcar não é saudável.
- Não nutre. É caloria vazia
- Altera o paladar e dificulta a Introdução de alimentos com sabor natural
- Gera deficiências nutricionais
- Interfere na microbiota intestinal
Açúcar não Nutre | É caloria Vazia
O Açúcar adicionado às preparações caseiras ou mesmo presentes em alimentos industrializados está associado apenas à elevação da glicemia sem trazer nenhum outro benefício para o desenvolvimento da criança. Veja bem, estamos aqui ainda falando em Programação Metabólica e nesse período tão importante para a criança é indispensável que aproveitemos todas as oportunidades para nutrir o corpo, sistema imunológico, as células cerebrais, etc e o açúcar adicionado em nada contribui com esse processo.
Alimentos açucarados (balas, doces, biscoitos, sobremesas, sorvetes, etc) trazem consigo, além de açúcar, corantes, conservantes e aditivos químicos que podem atuar como disruptores endócrinos e interferir em todo o desenvolvimento da criança.
Açúcar altera o paladar | Dificulta a introdução de alimentos com sabor natural
Nossas línguas apresentam em sua superfície uma série de “pelinhos” (chamados de papilas gustativas). As papilas gustativas são indispensáveis para que consigamos sentir o sabor dos alimentos. Uma vez que a alimentação do indivíduo é caracterizada pelo extremo doce ou mesmo extremo salgado, ambas situações utilizando açúcar e temperos industrializados, essas papilas gustativas entram em estado de “atrofia” já que não precisam estar especializadas em “desvendar” o sabor dos alimentos. Sendo assim, crianças desde cedo estimuladas ao consumo de açúcar acabam por não ter vontade nem afinidade em consumir alimentos in natura, dependendo sempre da adição de algum ingrediente adicionado que remeta ao sabor doce. Se formos pensar num cenário ideal, os alimentos deveriam ser consumidos da maneira que existem, sem precisarem ser modificados para então se tornarem agradáveis. Não é a toa que temos muitos adultos com paladar infantil. Adultos que não se aventuram em alimentos novos e com sabores diferentes, o que limita e muito toda a capacidade antioxidante, antiinflamatória e detoxificante principalmente dos alimentos amargos.
Açúcar gera deficiências nutricionais
Além de não fornecer nutrientes indispensáveis para a manutenção da vida, o açúcar provoca um importante desequilíbrio entre alguns sais minerais importantes no organismo como cromo e cobre e também prejudica a absorção de cálcio e magnésio.
Pensando nisso isoladamente não parece ser grande coisa, mas o desequilíbrio entre esses nutrientes no corpo de uma criança pode levar desde problemas de crescimento, dificuldades de contração muscular, alterações na saúde óssea, imunidade baixa e problemas no sistema nervoso central
Açúcar interfere na microbiota intestinal
A microbiota intestinal é, por definição, “o conjunto de microrganismos (não só bactérias) que povoam o trato gastrointestinal (TGI) humano e que, em condições normais, não nos causam doenças.” Quando há um consumo exagerado de açúcares refinados (e de uma dieta desequilibrada) alimentamos microrganismos não benéficos no nosso intestino e criamos um ambiente favorável para o crescimento de fungos e bactérias ruins, originando o que chamamos de disbiose intestinal.
Quando pensamos em crianças ainda em programação metabólica, é muito importante que a qualidade da microbiota seja boa, porque a imunidade do ser humano depende de 70 a 80% dessa microbiota e, a partir do momento que alimentamos bactérias do mal e fungos estamos abrindo a oportunidade para o surgimento de doenças e complicações que prejudicam e muito o desenvolvimento da criança.
Veja bem, crianças precisam de carboidratos. Mas carboidratos que estão presentes em frutas e legumes naturalmente adocicados. O açúcar apresentado dentro dos alimentos é um açúcar que não traz os prejuízos do açúcar adicionado e é muito bem vindo, já que sabemos que crianças precisam de glicose para aprender. Nosso cérebro precisa de açúcar para funcionar, mas isso precisa acontecer dentro de um equilíbrio que a natureza, sábia como é, fornece nos alimentos naturais e nenhum tipo de açúcar isolado consegue imitar.
Seja Saudável. Seja Feliz
Mil bjos
Maria Angélica Guerra da Cruz
REFERÊNCIAS:
Jústiz AM, Landry MJ, Asigbee FM, Ghaddar R, Jeans MR, Davis JN. Associations between Child and Parent Knowledge of Added Sugar Recommendations and Added Sugar Intake in Multiethnic Elementary-Aged Children. Curr Dev Nutr. 2020 Aug 21;4(9):nzaa140. doi: 10.1093/cdn/nzaa140. PMID: 32923924; PMCID: PMC7475003.
Khandpur N, Graham DJ, Roberto CA. Simplifying mental math: Changing how added sugars are displayed on the nutrition facts label can improve consumer understanding. Appetite. 2017 Jul 1;114:38-46. doi: 10.1016/j.appet.2017.03.015. Epub 2017 Mar 16. PMID: 28315780.
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