Com o passar dos meses (e até anos), uma infinidade de perguntas surgem na cabeça das mulheres e casais que tentam engravidar e ainda não conseguiram. Será que estamos fazendo tudo certo? A ovulação está certa? Devemos ficar de pernas para o ar depois de fazer sexo? Enfim, são inúmeras dúvidas e vamos esclarecer algumas dela neste artigo: casais tentantes podem tomar remédios?
Tentantes podem tomar remédios?
Um casal tentante tem uma história. Aspectos da vida e da individualidade de cada um definem quem são hoje e, os aspectos relacionados à saúde de cada um também é definido com base em todas as experiências vividas e carga genética.
Em relação ao uso de medicamentos, isso não é diferente. Uma mulher que apresenta alterações na tireóide, precisa tomar seus medicamentos. Homens que apresentam pressão alta (hipertensão arterial) precisam garantir um constância na sua pressão e evitar um problema mais grave.
Mas será que todos os medicamentos que a maioria da população utiliza são realmente necessários? A resposta para essa pergunta precisa se basear no acompanhamento médico rotineiro. Ninguém deve se automedicar ou abandonar um tratamento sem a aprovação do médico responsável.
Por outro lado, é importante que o casal saiba que absolutamente todos os medicamentos apresentam efeitos colaterais e isso pode interferir na fertilidade.
Tentantes – Controle de Peso
Nos dias atuais muitas pessoas apresentam dificuldade para controlar o peso. Se mesmo através das mudanças alimentares a adequação não aconteceu, é bem provável que o médico responsável decida prescrever algum tipo de medicamento. Dentre as várias possibilidades, uma delas é o xenical que promove uma redução na capacidade de absorção do intestino de gorduras.
Quando falamos de infertilidade, um dos aspectos mais importantes e que precisa ser avaliado é o aspecto hormonal por serem os hormônios responsáveis pelo amadurecimento dos óvulos, no caso das mulheres, e pela produção de espermatozóides, no caso dos homens. O problema aqui é que a base de todos os hormônios é o colesterol, portanto, a utilização deste tipo de medicamentos pode interferir na produção hormonal e prejudicar a infertilidade.
Veja bem, o objetivo deste post não é dizer o que eu médico deve ou não fazer. O objetivo aqui é te alertar em relação a alguns aspectos tratados por grande parte dos profissionais como “insignificantes” mas que podem sim trazer um grande prejuízo a longo prazo. Outro ponto importante é que SIM, o sobrepeso e obesidade são cada dia mais associados com dificuldades para engravidar, mas existem inúmeras estratégias que são realmente saudáveis que devem ser priorizadas antes de pensar em remédios que inibem a absorção de nutrientes, conduzindo o usuário a uma desnutrição (por definição falta ou insuficiência de nutrição, falta de nutrientes).
Ainda em relação ao aspecto perda de peso, é importante lembrar que muitos dos medicamentos e suplementos utilizados apresentam em sua formulação cafeína que cada vez mais está associada com perda gestacional até a 19ª semana.
Tentantes – Atenção à sobrecarga do fígado
Como já dito aqui, todos os medicamentos apresentam efeitos colaterais e, a maioria absoluta deles, sobrecarrega o fígado, prejudicando, entre outras funções sua capacidade de eliminar toxinas (detoxificar).
Todas as vezes que nosso corpo fica “intoxicado” com as toxinas que entramos em contato no dia a dia como por exemplo, poluição, água contaminada, bisfenóis, produtos químicos, metais pesados, etc, eles agem como como disruptores endócrinos e alteram toda a capacidade do corpo em produzir hormônios de maneira funcional.
Novamente pensando em fertilidade, ter toda a sequência de produção e liberação de hormônios acontecendo como é esperado é um tanto quanto complexa já em um corpo que tem um fígado saudável. Em um fígado comprometido tudo isso é ainda mais complexo e muitas vezes deixa a produção hormonal fica distante do que é considerado adequado.
Da mesma forma como dito no tópico anterior, não é meu objetivo dizer o que o profissional que te acompanha deve ou não fazer. O objetivo aqui é instruir você a refletir se ao invés de usar a medicina de maneira curativa (usando medicamentos), não seria mais interessante usá-la de maneira preventiva, identificando e rastreando quais aspectos da sua vida precisam ser repensados para que seu corpo funcione com a menor utilização possível de medicamentos.
Tentantes – Devemos parar com todos os remédios?
A resposta para essa pergunta é: estudem a respeito, tenham opiniões sobre os medicamentos, conversem com o profissional responsável e juntos decidam o que fazer.
Por outro lado, é importante sempre reforçar a importância de reavaliar o contexto de vida do casal. Ao invés de mudar o remédio para dor de cabeça ou relaxante muscular, é muito mais interessante entender porque a dor de cabeça existe e porque há uma tensão muscular intensa. A mudança da causa do problema é a solução e não enganar seu corpo com um medicamento que, tão logo seja suspenso, você volta a sofrer com as dores e incômodos anteriores.
Uma vez que há uma doença que demanda a utilização de medicamentos controlados, é óbvio que a suspenção deles não deve ser feita. Mas a reflexão de como utilizar de maneira a não prejudicar a fertilidade, deve sim ser feita.
Tenho certeza que todas as mudanças que vocês farão, serão benéficas não apenas para a fertilidade de vocês, mas principalmente para a qualidade de vida do futuro da família!
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Desejo tudo de positivo para vocês
Sejam Saudáveis, Sejam Felizes
Mil Bjos
Maria Angélica Guerra da Cruz
REFERÊNCIAS
James JE. Maternal caffeine consumption and pregnancy outcomes: a narrative review with implications for advice to mothers and mothers-to-be. BMJ Evid Based Med. 2021 Jun;26(3):114-115. doi: 10.1136/bmjebm-2020-111432. Epub 2020 Aug 25. PMID: 32843532.
Canipari R, De Santis L, Cecconi S. Female Fertility and Environmental Pollution. Int J Environ Res Public Health. 2020 Nov 26;17(23):8802. doi: 10.3390/ijerph17238802. PMID: 33256215; PMCID: PMC7730072.
Leisegang K, Sengupta P, Agarwal A, Henkel R. Obesity and male infertility: Mechanisms and management. Andrologia. 2021 Feb;53(1):e13617. doi: 10.1111/and.13617. Epub 2020 May 12. PMID: 32399992.